Dhâranâ 1 a 3 – Janeiro a Março de 1926
Nós todos, sim, nós todos, que andamos pesquisando nos mais ocultos escaninhos, o lugar em que se encontra a Verdade, por vezes temos arrebatamentos inexplicáveis e incompreensíveis.
Basta que nos deslumbre uma pequena fulguração, que nos impressione um simples raio de luz e já estamos anunciando com retumbância que aprisionamos o Sol!…
As ciências e as religiões, nos fornecem diariamente estas efêmeras sensações. A humanidade, que se interessa pela solução de todos os problemas fisiológicos do Além e pelos mistérios vedados às suas profanas investigações, proclama urbi et orbi que já conseguiu penetrar nos arcanos da Natureza, agarrando pelo pescoço a Ave Canora Sagrada.
Mas, o Tempo, o velro e sábio velhinho, o eterno zelador do Fogo Sagrado dos Deuses, sorridente e compassivo, ordena a todos que abram as suas mãos.
Um punhado de penas estão ali aprisionadas.
Ruflando as asas multicores, despreocupada e ligeira, alteia-se com rumo ignorado pelo espaço infinito, a bela e favorita ave protegida de Juno!
